05/04/2020

CARTA ABERTA ÀS NOTÍCIAS

CARTA ABERTA À RTP

Há já algum tempo que ando para vos escrever. Em primeiro lugar para vos pedir, encarecidamente, que arranjam um nova música para acompanhar o Telejornal: a actual, recentemente introduzida, é tão marcial que incomoda e cria uma angústia desnecessária; provávelmente já foi causa de alguma ida ao hospital com um ataque de ansiedade (especulação minha- mas isto também não é um filme do Hitchcock). Além disso, não merecemos, muito menos por parte do canal público, tamanha falta de sensibilidade. Isto não é o tempo das trombetas a anunciar os reis ou as notícias. Já não fazia sentido antes do telejornal ser só sobre o covid- 19, como revela, agora que o Telejornal é somente o Telecovid- 19, uma completa ausência de bom senso. E bom gosto.
Obrigado. E desculpem o incómodo!

E CARTA ABERTA AOS RESTANTES CANAIS, E AINDA À RTP,

Agora em modo covid- 19 notícias todo o longo dia. Párem e pensem. Abreviem as notícias sobre covid- 19. Comunicados os dados estatísticos, a evolução dos mesmos, a título nacional e internacional, entrevistados, já, todos os especialistas e alguns governantes, pouco mais há a acrescentar. 
Por exemplo, de que serve as discussão sobre se se deve ou não usar máscara. Só gera confusão! O cerne da questão em Portugal é: não há máscaras (nem outras coisas essenciais, agora e antes do agora) que cheguem para todos, não as produzimos cá, não cuidamos a tempo e horas -tivemos, pelo menos, Janeiro, Fevereiro e início de Março para o fazer. Mas, como sempre, só fazemos as coisas que temos de fazer quando não podemos fugir mais com o rabo à seringa. Deixem-nas, portanto, em paz e para o uso hospitalar.
Outro exemplo: por que razão têm de ir para dentro de um hospital filmar? Já não há caos e trabalho que chegue, e ainda estamos só no início, sem terem de andar a ser cicerones de um operador de câmera e um jornalista? Que aliás só devem atrapalhar, além de pôr em risco a saúde de toda a gente, e ser um precedente que não tem precedente: nem a familiares -excepto acompanhante de crianças infectadas- é permitida a entrada.
Outro exemplo: porque andam na rua se pedem à maior parte da população para não andar? É assim um trabalho tão essencial para travar a pandemia? Dêem o exemplo.
Outro exemplo: já vi as mesmas imagens de arquivo 3 semanas seguidas, o que demonstra  o quão é evidente a desnecessidade de ‘esticar’ um elástico que já é, em si, tão frágil.
O que isto mostra é uma cacofonia própria dos galináceos, uma corrida estúpida que agora começa hilariantemente não às 20 horas em ponto mas às 19 horas e 57, 58 ou 59 minutos (porque um esperto deu o mote, e já nem me lembro quando) e que perdura, perdura, até às 21 horas e...
O tempo, agora é de arregaçar as mangas, quem têm de o fazer. De estudar e planear o futuro. De investigação científica. De solidariedade e de quarentena. E de aproveitar para mudar o percurso para o futuro. E quanto mais calmos e comedidos estivermos melhor. O confinamento, o sofrimento e a angústia já são em demasia, por favor aprendam também a lição.

Sem comentários:

Enviar um comentário