26/03/2020

COVID 19

Obrigado, covid-19,
Por teres afastado todos de mim.
Gosto de viver isolado,
Não ter contacto humano,
De desaparecer no ‘smartphone’
Para estar online ininterruptamente.

Obrigado por confirmares
A certeza de que, como sempre,
Amo a minha família e os meus amigos,
E que tenho falta dos seus abraços,
Dos seus beijos e do seu mau humor.

Obrigado por me ajudares a perceber
Que andar de avião para todo o lado, 
E só porque é barato, também pode ser
Controlado sem dificuldade: ir de um país
A outro para nos emborracharmos?

Obrigado por me ajudares
A passar mais tempo com os meu filhos,
Que raramente me viam,
E assim cresciam tão estranhamente.

Obrigado por me confirmares
O quão dependentes da China estamos,
E como uma ditadura, financiada por democracias,
Investe na militarização, oprime o seu povo,
Em especial as minorias, e nós, cabisbaixos,
Parecemos cada vez mais resignados 
A essa realidade 'big brother', que em breve
Será a nossa realidade senão reagirmos...

Obrigado, talvez porque irás dar uma
Ajudinha a livrarmo-nos de alguns
Lideres indignos, imorais e  tão
Perigosos como o Hitler,
Mesmo que eleitos democraticamente

Também obrigado por mostrares à Europa
Como andam a dormir os seus líderes,
Entretidos em conversa de cacaracá
Enquanto algumas multinacionais
Conseguem pagar menos impostos
Do que a maioria do seus nativos;
Ou enquanto refugiados são desprezados;
Ou enquanto o seu próprio povo
Se radicaliza, se nacionaliza e envelhece;
Ou enquanto somos manipulados,
Outros pagos, pela Rússia;
Ou enquanto nos desmoronamos
Mas teimamos em seguir os protocolos,
E marchar ao ritmo do cinismo,
Da regra rígida e pérfida, enquanto
O comboio do progresso já passou
 Por nós há algum tempo atrás, e nós
Já só somos uma relíquia encarquilhada,
E entalada por uns poucos dos últimos
Aderentes, de que pouco acautelamos.

Obrigado por nos permitires,
Uma vez mais e depois de salvarmos
Os bancos, ter de salvar os empresários;
Uns sem dinheiro nos bolsos, 
Outros com muito dinheiro ‘offshore’,
E que pedem ajuda em simultâneo.

Obrigado por mostrares como os governantes
Brincam com coisas sérias, para depois
Se comportarem como generais,
Mandando a infantaria -médicos, enfermeiros 
Polícias e bombeiros-
Salvarem o povo, mesmo sem terem o
Material, as camas, os hospitais
(pelo menos irão ter estádios)
Enfim as condições que há tantos anos pedem,
E depois nos brindam com uma lista
Do material que não falta, não faltou...

Obrigado por mostrares como os velhos,
(como os fracos, os sem abrigo ou os pobres)
São os primeiros a tombar,
Depois de uma vida a contribuir
Para um sistema que já não
Consegue retribuir, sequer, com amor,
Senão, por vezes, com uma decisão
Pragmática.
Pragmática.

Obrigado pela lição, mesmo
Que seja a mais cara de sempre.

P.S. também não se esqueçam de fazer um like no Facebook.

15/03/2020

OS REFUGIADOS ÀS PORTAS DA EUROPA...

Quase como se estivessem às portas do inferno, de onde fugiram, outra vez!
Só posso afirmar que estou amargurado por viver numa europa cada vez mais egoísta, atabalhoada em assuntos que não sabe, por falta de estadistas e visionários, por onde lhe pegar, e em claro e disfuncional desmoronamento. Que há forças externas que têm interesse nisso não há dúvida alguma; que as há internamente também não. E assim seguimos, episódio atrás de episódio, um drama mal escrito, e intrepretado por actores amadores mas vaidosos. O mundo clama por liderança, por inteligência, por paz, e nós, aqui numa europa com tudo para ser um exemplo, a assistir impávidos e serenos ao acto final de uma tragicomédia quando poderia ser um momento de gloriosa mudança para um mundo melhor.
Como sempre ‘it’s the economy stupid!’ mas:
Não haverá, nunca, crescimento económico que o mereça;
Não haverá, nunca, empresa e empresário que o mereçam;
Não haverá, nunca, ditadura que o mereça -facto bem comprovado- e que se torne democracia e mais respeitadora dos direitos humanos;
Não haverá, nunca, uma sociedade justa e igual;
E não acabará, nunca, o despedício e a fome.
E ver, na Grécia, a europa a sucumbir à sua imbecilidade, e a tratar os refugiados como uma criança de 4 anos que, naturalmente, não gosta, ainda, de partilhar os seus brinquedos, é muito triste e aterrador: se eles não puderem contar com o apoio da europa o que é que lhes resta?
Muito mais triste do que ver os lideres europeus do pós-brexit a continuar a falar em inglês para a imprensa, e para inglês ver, presumo.
Vamos acabar por passar o resto das nossas vidas a pagar para os bancos não irem à falência sem nunca sermos donos deles, e a contribuir para a manutenção da economia quando ela está em crise mas sem que ela partilhe com a sociedade quando dá lucros avultados, que obviamente serão só partilhados com os patrões e investidores. E ainda lhes continuamos a proporcionar off-shores para esconderem as ‘maldades’ inocentes, infinitamente.
Por último, o mundo acorda para o corona vírus, e parece que não sabe como aqui chegou, muito menos como vai sair daqui, e se vai tudo voltar a ser como dantes. A História dá-nos lições, impares e gratuitas (mesmo as que custaram muito dinheiro e muitas vidas humanas!) e só não as aprendemos porque não queremos (também porque há quem não queira que aprendamos, é verdade, e as tentem manter no baú do esquecimento).

03/03/2020

INDIA’S POOR RECORD

In police brutality, and humanity by the way, is appalling and shocking. The recent police brutality against Indian muslims is, again, showing that it is brutality as usual, and without a hint of shame: from the police and from the government. Unfortunately, this pattern is well established around the world.
I just want, after so many years without writing in my blog, to say that I AM ASHAMED of the status of world affairs, injustice, poverty, pollution and so on. I am without words to describe how sad and ashamed I am. This state of affairs can’t go on!